sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Puxando minha própria névoa

    Não quero dividir minha névoa com quem está próximo (mas ironicamente a despejo aqui), em uma ligação real e direta. Tento esconder ao máximo minha tristeza e espero que eu consiga ao menos mascarar um pouco. Não quero preocupações pra cima de mim, não quero enevoar quem está comigo. Eu realmente gostaria de contar, mas mesmo se eu implorar pra não levar para outros lados e pedir pra que deixe quieto e dizer que estou "okay", ele não vai ficar.

    Fica chato pra mim, entristecer e preocupar alguém, eu detesto na verdade. Não gosto que fiquem em cima de mim todo instante insistindo em retirar a tristeza ou dor de mim. Não suporto isso, me sufoca, só que não posso comentar para não chatear ninguém e lá vou eu para aquilo novamente: vou ficando mal pra não deixar ninguém mal sendo que ao não deixar a pessoa mal ela vai meio que ficando em cima de mim e não gosto. Não sei como proceder. 

    Virtualmente é até fácil esconder meu estado, em ligação complica mas mesmo assim dá pra fingir um sorriso, usar entonações diferentes e simular alegrias momentâneas na fala. Quero ver quando for pessoalmente, talvez seja mais fácil falar olho no olho, vai ficar o clima um pouco pesado, mas acho que as coisas podem ser melhor compreendidas assim.

    Respira, Jhonny. Você está extremamente enferrujado nisso de mascarar seus sentimentos negativos, mas já foi quase profissional nisso. É difícil, você mudou bastante, sua mente está um tanto mais caótica e aérea, mas você consegue. Evite mais chateações e fique bem (ou o melhor que puder).

domingo, 15 de novembro de 2020

Donos da sua verdade

    Ninguém aceita a explicação que sempre dou, que me conheço e que sei como funciono, e isso é um saco. Nem todo mundo tem a capacidade de se autoconhecer, chamaria até de habilidade. Sempre que tento argumentar aparece alguém para dizer "não, não é assim" como se esta pessoa dividisse espaço comigo em minha cabeça, como se habitasse o mesmo corpo e tivesse a par de todos e quaisquer acontecimentos, sentimentos e pensamentos que me ocorreram e que me ocorrem.

    Não! Só eu habito esse corpo. Se alguém não aceita que me conheço ao ponto de saber minhas limitações tudo bem. Meu trabalho é passar a informação e eu busco sempre dizer a verdade da maneira mais clara e sincera. Se a pessoa não aceita já não faz parte da minha ossada.

    Ninguém pode ser dono da verdade de ninguém. Entendo e aceito quando alguém vem questionar sobre o que digo. Converso sobre, escuto, debato, mas insistir em dizer que eu estou errado sobre mim mesmo depois de termos conversado não é legal.

    É preciso dar ouvidos ao que dizem, aceitar o que afirmam. Em um primeiro momento o questionamento é saudável, discutir de maneira educada e inteligente ajuda o outro a se descobrir ainda mais e/ou rever pontos e furos no que está dizendo, mas se a pessoa continuar a afirmar, aceite e siga sua vida deixando que a pessoa siga a dela com os pensamentos e certezas que tem.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Queria não querer tanto

    Eu queria estar bem. Queria que algumas pessoas mudassem. Queria que os problemas sumissem, os físicos e os psicológicos. Queria não estar doente. Queria ficar tranquilo, em paz, sem estresse. Queria ficar calmo, sem agitação, sem precisar balançar e tremer desesperadamente as pernas.

    Eu queria me sentir bem comigo mesmo, me achar atraente, gostar do que vejo no espelho. Queria gostar de mim. Queria que meu cabelo não caísse e que ele voltasse a crescer. Queria não ter tcc pra me importar. Queria respirar fundo e sentir que está tudo bem.

    Eu queria ter coisas que não consigo, coisas que nem são tão difíceis de ter, mas que não tenho forças pra tentar. Queria ter forças. Queria saber mais. Queria ser mais inteligente. Queria gostar de estudar. Queria realmente gostar de fazer algo.

    Eu queria conseguir me esforçar. Queria ser menos sentimental. Queria pensar menos em tudo. Queria poder olhar pra trás e dizer “tudo bem”. Queria poder seguir tranquilo sem me preocupar demais.

    Eu queria ficar sozinho. Queria ouvir minha voz sem a de mais ninguém por perto. Queria ouvir música e cantar junto sem que me ouçam. Queria poder escolher o que ver e ouvir. Queria poder dormir sossegado.

    Eu queria não ter tanta coisa para digitar. Queria não ter as outras coisas que estou esquecendo de por aqui. Queria não precisar ter feito isso.

    Eu queria não querer tanto.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

A exaustão do homem

    Estou cansado.
    Minhas energias estão se esgotando, mas não estou afundando, parece mais que estou a boiar.

    Estou namorando e isso tem três meses, estamos bem, fazemos bem um ao outro, mas continuo vazio. Minhas forças - que já não eram muitas - estão se esvaindo e cada coisa agora faz ainda menos sentido.

    Certa vez vi um vídeo no Facebook onde um estudioso (que não me recordo o nome) falar sobre sua experiência com a depressão - talvez eu já tenha comentado sobre isso por aqui - e ele citou um ato simples, comer. Em suas palavras ele disse algo como: 

    "Quando se tem depressão tudo fica mais difícil, mais trabalhoso. Como comer, por exemplo, não é apenas o ato de comer, tudo aquilo se torna algo trabalhoso. Você põe sua comida, pega um pouco com o garfo, leva até a boca, mastiga e depois engole".

    Quando vi isso logo liguei ao que me acontecia, comer tinha se tornado difícil, mas eu não entendia o por quê. O mesmo está me ocorrendo agora, mas não em relação à comida.

    Falar está se tornando massante, me remeto ao que o homem disse, o processo. Tenho que inspirar, pensar no que dizer, abrir a boca, soltar o ar e mexer os lábios e língua para que algo seja dito. Parece tão simples, mas por deus, não é. Isso se junta a muitas outras coisas, não consigo me prender a algo pois prestar atenção cansa, não me concentro enquanto leio por também me cansar e nem jogar consigo mais. Para jogar eu preciso me preparar mentalmente, me concentrar, ser ágil, pensar em estratégias, mirar, pular, acertar, desviar, avançar, me esconder... a cabeça começa a ficar acelerada e se tem alguém falando algo então...

    Eu realmente estou exausto. Ainda vem essa situação atual em que nos encontramos, essas crises na saúde e na política que não nos deixam quietos.

    Não estou tendo com o que me ocupar efetivamente. Estou  desempregado, meus "grupos de amigos" se desfizeram, não recebo visitas (e nem sei se eu quero isso de verdade). Me sinto sozinho e ao mesmo tempo sufocado por estar preso ao pessoal de casa.

    Enfim, ainda estou vivo. Este texto não quer dizer que decidi terminar com tudo. Ainda quero seguir adiante. O peito pesa e eu não estou feliz, mas acho que já estive pior.



Fiquem em casa e lavem bem as mãos.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Ano novo de novo

    Passando pra dizer que estou vivo. Não muito melhor que antes, mas tentando administrar essa coisa que chamo de vida. Continuo depressivo, continuo ansioso, mas consigo seguir em frente. Venho fazendo isso esse tempo todo e continuarei.

    Os pensamentos pesados continuam, as frustrações também, os problemas nem se falam... mas estou aqui. Existindo, quase vivendo. É um "sobreviver" diferente, não tão vazio.

    Estou aqui. Até quando não sei, mas estou. Espero ter ainda mais forças para continuar e que quem lê isso também tenha.