quinta-feira, 2 de abril de 2020

A exaustão do homem

    Estou cansado.
    Minhas energias estão se esgotando, mas não estou afundando, parece mais que estou a boiar.

    Estou namorando e isso tem três meses, estamos bem, fazemos bem um ao outro, mas continuo vazio. Minhas forças - que já não eram muitas - estão se esvaindo e cada coisa agora faz ainda menos sentido.

    Certa vez vi um vídeo no Facebook onde um estudioso (que não me recordo o nome) falar sobre sua experiência com a depressão - talvez eu já tenha comentado sobre isso por aqui - e ele citou um ato simples, comer. Em suas palavras ele disse algo como: 

    "Quando se tem depressão tudo fica mais difícil, mais trabalhoso. Como comer, por exemplo, não é apenas o ato de comer, tudo aquilo se torna algo trabalhoso. Você põe sua comida, pega um pouco com o garfo, leva até a boca, mastiga e depois engole".

    Quando vi isso logo liguei ao que me acontecia, comer tinha se tornado difícil, mas eu não entendia o por quê. O mesmo está me ocorrendo agora, mas não em relação à comida.

    Falar está se tornando massante, me remeto ao que o homem disse, o processo. Tenho que inspirar, pensar no que dizer, abrir a boca, soltar o ar e mexer os lábios e língua para que algo seja dito. Parece tão simples, mas por deus, não é. Isso se junta a muitas outras coisas, não consigo me prender a algo pois prestar atenção cansa, não me concentro enquanto leio por também me cansar e nem jogar consigo mais. Para jogar eu preciso me preparar mentalmente, me concentrar, ser ágil, pensar em estratégias, mirar, pular, acertar, desviar, avançar, me esconder... a cabeça começa a ficar acelerada e se tem alguém falando algo então...

    Eu realmente estou exausto. Ainda vem essa situação atual em que nos encontramos, essas crises na saúde e na política que não nos deixam quietos.

    Não estou tendo com o que me ocupar efetivamente. Estou  desempregado, meus "grupos de amigos" se desfizeram, não recebo visitas (e nem sei se eu quero isso de verdade). Me sinto sozinho e ao mesmo tempo sufocado por estar preso ao pessoal de casa.

    Enfim, ainda estou vivo. Este texto não quer dizer que decidi terminar com tudo. Ainda quero seguir adiante. O peito pesa e eu não estou feliz, mas acho que já estive pior.



Fiquem em casa e lavem bem as mãos.