terça-feira, 12 de março de 2019

A inutilidade do homem

    No que eu sou bom? Me pergunto isso há bastante tempo e não obtive resposta. Minto para mim mesmo dizendo que faço bem isso e aquilo, mas na prática não faço. Creio que poucas pessoas façam algo com real excelência, mas continuo me perguntando se sou bom em algo.

    Estava há pouco dando voltas na cozinha, andando em círculos ao redor da mesa e pensando em um texto de despedida. Fazia muito isso antes e vejo que voltei a fazer. Fiquei nesse estado devido à minha monografia que insisto em não começar a fazer de fato. Sento, ligo o notebook, pego meu caderno, faço algumas pesquisas no Google, rabisco pouquíssimas linhas e quando parece que vou progredir eu guardo o caderno, fecho as abas de pesquisa e fica por isso mesmo. Tenho dois parágrafos e meio e isso desde quando comecei há duas semanas e três dias.

    Convivo com esse sentimento de inutilidade há anos, a universidade contribuiu e muito com isso, mas agora sinto um gostinho especial, um gosto de derrota e anos perdidos. Já estavam perdidos pois o curso não servirá para minha "vida" já que não seguirei nessa área, imagina agora que não consigo escrever a monografia. Tudo será realmente em vão, mais uma coisa incompleta e essa foi construída à muitas lágrimas.

    Eu quero morrer. Não só por isso, é que não estou vendo saída para nada e a pergunta "pra que viver?" é cantada num sussurro por mim mesmo dentro de minha cabeça. Só consigo pensar no sofrimento que isso proporcionaria à minha família, mas e meu sofrimento, quem tá vendo isso? É ruim demais isso. Eu juro que quero viver, eu realmente quero, mas não consigo, parece que não fui feito pra isso. Quanta ironia.

    Estou me corroendo. Estou me tornando meu pior inimigo. Quero matar a mim mesmo para me livrar de mim. Eu só queria um pouco de luz em minha vida, uma fagulha que me faça acender ao menos uma pequena chama de vida. Isso não é pedir muito, mas ninguém me dá e nem sei se alguém pode.