Hoje descobri (ou já sabia, mas não tinha me dado conta) que meu pai possui um perfume d'O Boticário chamado "Coffee Man". Eu já tive esse perfume e conheço muito bem seu cheiro. Resolvi borrifar um pouco em mim e então me veio imediatamente a memória de um ser que habitava minha vida (ou eu a dele).
Minha memória olfativa é muito boa, chamaria até de impressionante em alguns casos (não sei se com todas as pessoas acontece o mesmo). Fui levado a momentos intensos, bons, um sorriso bonito se formou em meus lábios e pouco tempo depois me entristeci. O cheiro me remeteu à memórias um pouco mais recentes que aquelas, quando tudo começou a desandar.
As pessoas sempre dizem que para esquecer alguém é preciso encontrar outra pessoa, fiz isso, fiz do dono do cheiro uma rota de fuga (apesar de já nos conhecermos antes de eu encontrar a fagulha que deu início ao incêndio em minha vida). Não o tinha como objeto, não o usava, na verdade eu me permitia ser usado com o intuito de desviar pensamentos de pessoas que não valiam a pena pensar, pelo menos não o tempo todo como costumava acontecer.
Me doei, me esforcei e sim, tive momentos constrangedores que me senti tão humilhado e usado que me angustia só de pensar, mas eu continuei me esforçando, batalhando contra mim mesmo e meus princípios na esperança de fugir do furacão que me engolia. Não deu certo.
Agora estou aqui, anos depois, sentindo o mesmo cheiro que tanto senti antes. Sentimentos confusos e conflitantes congestionando minha mente e revivendo aqueles tantos momentos várias e várias vezes. Me arrependi de ter posto este perfume e ao mesmo tempo não. Sou masoquista, meus amigos, e acho que vocês já perceberam isso.
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