quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

30 de dezembro de 2015

    Começo a surtar novamente. Está forte, está horrível e com essas pessoas aqui em casa então, isso se torna um martírio maior ainda. Quero morrer, quero muito morrer, essa angústia em mim está tão grande, mas tão grande que está me enchendo, consigo me sentir cheio, estourando, algo fazendo pressão de dentro para fora, um balão cheio de ar querendo estourar.

    Mas aí vem minha sobrinha e olha para mim com aqueles olhos enormes e ao mesmo tempo puxados, olhos bem escuros, quase negros, a me olhar e a sorrir. Só em digitar isso as lágrimas voltam. Ela precisa de mim, eu creio que posso fazer com que a existência dela não seja tão ruim e conturbada quanto a minha, posso ajudá-la ou ao menos prepará-la para o que virá, mas quem vai fazer isso por mim?

    Não gosto de pensar assim, me faz achar que sou egoísta, mas eu sei que não sou. Poxa, essa angústia dói tanto, tanto, tanto que vocês não tem noção, vocês podem ter uma ideia, mas a noção vocês não tem. Só quem tem suas dores sabem quanto elas doem, e as minhas não só doem, mas queimam, ardem, estou virando pó e isso não é exagero porquê sinto que realmente estou morrendo por dentro e isso é tão triste.




    Há muito, conheci uma criança, lembro dela que com seus 4 ou 5 anos começou a pegar folhas em branco, cortar e colar umas nas outras formando um livrinho onde desenhava quadrinhos, inventava histórias, escrevia poemas e até compunha pequenas músicas. Lembro daquele brilho em seus olhos quando alguém pegava e lia o que ela havia escrito, todos aqueles garranchos, erros aos montes, mas as pessoas liam, eram poucas, mas para aquela criança o público era grande. Ela sonhava em ser alguém, em ser alguém importante, alguém que fosse lembrado, pensou em cantar por aí, pensou em escrever livros e mostrar aos outros sua maneira de pensar e talvez ter a aprovação deles e ela só tinha 4 ou 5 anos. 
    A criança cresceu, se deparou com as frustrações da vida, conheceu pessoas ruins que a diminuíram e menosprezaram sua "arte", porquê era assim que ela chamava o que fazia, e então a criança ficou triste, conheceu mais pessoas ruins e mais tristeza veio, mas a criança se mantinha firme diante dos outros, levava a risca aquilo que sempre ouviu "se você não mostrar que se incomoda eles param", mas não pararam. Mais anos se passaram e criança já não era mais, pelo menos não por fora, a casca era dura, ela a achava impenetrável e realmente acreditava nisso, mas sempre soube que seu interior era fraco e cinza, apagado pelos anos de alegria que os outros lhe tiraram. Alma escura. Já maior, vestia seus sorrisos e saía para rua, mas apenas quando era preciso, passou a evitar contato com os outros e em casa fez seu casulo. Pouco restava dentro de si aquela criança que sonhava e isso era o que a mantinha de pé, acreditando que os outros mudariam um dia.
    Pobre criança. Mesmo que só houvesse o resquício de seu eu original, isso era suficientemente forte, capaz de ainda fazê-la sorrir e ela sorria, forçadamente, mas sorria. Se viu em confusão e viu que se melhorasse a vida dos outros, nem que por um ou dois segundo, fazendo-as sorrirem ou lhes dando agrados para mostrar que elas são lembradas, poderia impedir que outros viessem a ser e ter o que ela teve e foi, mas então ela encontrou mais daquilo que temia que os outros tivessem, talvez aquilo deveria ser sentido por alguém e, por ela ter impedido a propagação, isso se voltou contra ela e a envolveu. E de tanto ser envolvida, de tanto ser impedida de prosseguir por essa mancha escura que a rondava, a criança se tornou o próprio escuro. 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

...

    E na noite de sexta-feira, dia 18 de dezembro de 2015, levei o tiro derradeiro. Vamos ver se consigo passar por isso, prometi a mim mesmo que esperaria pelo menos 6 meses, usando esse tempo para "estudar" possibilidades de me adaptar mais uma vez a uma dessas situações impostas a mim a força. Estou tão cansado.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Não quero me animar muito, mas o suicídio está fazendo cada vez mais sentido.

    Com todos esses acontecimentos eu estou me vendo mais perdido que nunca. Desativei minha conta no facebook e excluí o whatsapp. Não quero ter contato com as pessoas, mas o ruim é que ainda haverá aula, serei obrigado a sair de casa e vê-los. Não quero isso.

    Lidar com uma "separação" era o que eu menos precisava agora, essa coisa de ter passado os últimos dois anos e meio vivendo algo que vinha somente de mim me destruiu e "acabar" assim, do nada e desse jeito, me deixou pior, não sei como isso é possível, mas eu piorei.

    Estranho como hoje em dia eu me vejo sem ação, inerte, em relação a tantas coisas que vem acontecendo, isso é só mais um sinal de que essa estrutura que tanto dizem ser forte está ruindo. Eu realmente não estou conseguindo me sustentar, ainda mais com pessoas forçando para baixo e eu deixando isso acontecer, como sempre faço.

    Hoje os pensamentos de morte parecem estar mais maduros, antes as cenas vinham na minha cabeça, era tudo muito imaginativo, tudo muito teatral. Agora as coisas estão fazendo mais sentido em relação a morte e eu passei a aceitar mais essa possibilidade de suicídio, antes eu pensava apenas nas pessoas, no sofrimento delas em relação a isso, mas e o meu, quem vê meu sofrimento? Qual deles se prontificou em realmente tentar me entender, sem me julgar, para poder me ajudar? Sim, existiram aqueles que tentaram, eu agradeço, mas nenhum deles sequer tentou ver as coisas da maneira que eu vejo, isso não é difícil, eu faço isso o tempo todo, estou sempre vendo as coisas por diversos ângulos e me pondo no lugar de todos, mas quem mais faz isso? Ninguém que eu conheça.

    "Suicídio é para os fracos". Amigo, você não sabe o significado disso. As pessoas estão presas em seus achismos, não olham para os lados, não reconhecem que existem realidades distintas e que nem sempre o que elas pensam é/está certo. O contexto das coisas, contexto da vida. Cada um tem sua interpretação, cada um vê de uma maneira, mas é possível sim tentar enxergar como o outro, basta querer.